Réunion ou Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar. A ilha principal é uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, sendo o seu vizinho mais próximo a outra: a Maurícia. Reunião tem, no entanto, várias dependências, espalhadas em torno de Madagáscar, no Índico e no Canal de Moçambique. Capital: Saint-Denis.
Ontem numa das mil e uma noites de maratona no sofá de sala, decidi invadir os canais de documentários, talvez com vontade de descobrir qualquer coisa que ainda não soubesse. Sintonizei-me no Nacional Geographic e não aprendi nada que não soubesse num programa de surf normal. O documentário era uma espécie de diário de um surfista e da sua mulher, igualmente surfista e grávida, que decidiram viajar pelos locais por onde o pai dele tinha surfado quando ele ainda era bebé. No entanto e, à parte das imagens paradísiacas da ilha Réunion e do surf, o que me tocou foi sobretudo a liberdade envolvida na vida daquelas duas pessoas. Pegar nos chinelos, na prancha e nos calções … abraçar o mar e ser feliz. Sei que as coisas não são assim tão simples, nem mesmo para aquele casal de surfistas. Deverão ter de viver de algum rendimento, deverão ter uma casa fixa, deverão ter obrigações mais do que apenas abraçar a estrada e o mar. No entanto, e dado o contexto que ela aparece na minha vida, não deixa de ser questionável toda a situação. Nada importou para que aquelas duas pessoas não se vissem sozinhas naquela ilha, bronzeados e felizes apenas por olhar para o pôr-do-sol. Filtrei a imagem em mim, enquanto lia durante a madrugada um livro sobre um rapaz de quinze anos que foge da casa do pai e decide ser livre por si só. “Sou livre. Fecho os olhos e penso com toda a minha força na minha nova condição, ainda que não esteja bem certo do que significa. Tudo o que sei é que estou completamente sozinho. Desterrado numa terra desconhecida, como um explorador solitário sem bússola nem mapa. Será isto a liberdade? Não sei, confesso, e às tantas desisto de pensar nisso.” (Kafka à beira-mar, Haruki Murakami, pág.62, 7ª edição, 2007)
Numa mesma noite confrontei-me com duas situações que me fazem pensar na liberdade e questioná-la. Sei que não o sou. Sei que ainda não sei ser livre. Podia partir para África depois de ter estudado arquitectura durante 7 anos, e dedicar-me a ajudar quem mais precisa. Ser voluntária de alguma coisa da qual teria orgulho. Sei que podia partir de chinelos e calções, com uma mochila às costas e uma prancha de surf e ir para a ilha Réunion aprender a fazer surf e quem sabe um dia ser um ícone mundial dos mares selvagens. Quem sabe… amor e uma cabana. Ler os livros que nunca na vida uma pessoa teria tempo para ler num emprego 24/7.
Talvez desiludiria muita gente que apostou no meu sonho de erguer casas de betão ou tijolo se partisse para uma migalha do planeta e vivesse do peixe e do mar, da lixa de pranchas e barcos à vela. Talvez desiludiria muita gente que apostou em mim 7 anos de formação quando o que nos faz sonhar é o que nos esgota e irremediavelmente nos caminha para o nosso princípio. Se calhar alguém sempre quis ser astronauta, e nunca o foi porque quando cresceu achou idiota a ideia. Talvez um dia mais tarde quando acorde, se veja no começo da vida da responsabilidade e descubra que ser astronauta não é ser idiota, era ter sido livre.
Quem sabe eu seja feliz em arquitectura porque foi sempre isso que quis para mim, mas quem sabe se não seria mais feliz de outra maneira a fazer a coisa mais simples do mundo como alimentar alguém com fome… e ter sido livre assim.
Numa mesma noite confrontei-me com duas situações que me fazem pensar na liberdade e questioná-la. Sei que não o sou. Sei que ainda não sei ser livre. Podia partir para África depois de ter estudado arquitectura durante 7 anos, e dedicar-me a ajudar quem mais precisa. Ser voluntária de alguma coisa da qual teria orgulho. Sei que podia partir de chinelos e calções, com uma mochila às costas e uma prancha de surf e ir para a ilha Réunion aprender a fazer surf e quem sabe um dia ser um ícone mundial dos mares selvagens. Quem sabe… amor e uma cabana. Ler os livros que nunca na vida uma pessoa teria tempo para ler num emprego 24/7.
Talvez desiludiria muita gente que apostou no meu sonho de erguer casas de betão ou tijolo se partisse para uma migalha do planeta e vivesse do peixe e do mar, da lixa de pranchas e barcos à vela. Talvez desiludiria muita gente que apostou em mim 7 anos de formação quando o que nos faz sonhar é o que nos esgota e irremediavelmente nos caminha para o nosso princípio. Se calhar alguém sempre quis ser astronauta, e nunca o foi porque quando cresceu achou idiota a ideia. Talvez um dia mais tarde quando acorde, se veja no começo da vida da responsabilidade e descubra que ser astronauta não é ser idiota, era ter sido livre.
Quem sabe eu seja feliz em arquitectura porque foi sempre isso que quis para mim, mas quem sabe se não seria mais feliz de outra maneira a fazer a coisa mais simples do mundo como alimentar alguém com fome… e ter sido livre assim.
"É tudo uma questão de imaginação. A nossa responsabilidade começa na capacidade de imaginar. Tal como Yeats disse: «Nos sonhos começa a responsabilidade.» Vira isto às avessas e podes dizer que onde não há capacidade de imaginação, não pode haver responsabilidade. Como se vê pelo exemplo de Eichmann (1)"
1. Adolff Eichmann responsável pelo plano de extermínio dos 14 milhões de judeus espalhados pela Europa, "apanhado - quer ele quisesse ou não - nos sonhos monstruosos de um homem chamado Hitler." (Kafka à beira-mar, Haruki Murakami, pág.172, 7ª edição, 2007)
1 comentário:
"madre raquel do barreiro",então arquitectura sucks!!? Antes de partires a ajudar os "surfistas" pobrezinhos!! lembra-te dos amigos que tens espalhados...por aí!!
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