domingo, agosto 02, 2009

Quem sou eu senão névoa indecisa no ar. Uma mistura azeda de existência personalizada. Quem sou eu senão fragmento ao sabor do vento depois da tempestade. Um som abafado ao vento tumultoso do teu respirar agoniado. Quem sou eu senão papel rasgado depois de lido. Palavras sem letras lançadas ao mar. Sou tudo o que já não existe em mim. O êxtase do movimento num suspiro que enche o vazio de não existir mais nada aqui senão a infinidade do tempo. Tudo é real até acordarmos. Lava-me os sonhos em cama nua e o coração em alma suja... sou tempo que já não existe. Fui minha até me perder. Sou tua sem nunca te ver. [Onde estás tu?] Perdemos o beijo mesmo estando sós, mesmo que ninguem já não nos veja porque não é aquilo que não vemos que assusta, é o que nos faz sentir noutro sitio que nos consome. E quem sou eu senão alguém que já não existe aqui? Não alimentes as minhas mágoas, não me tentes salvar de nada pelo qual eu já não tenha morrido. Eu sou só mais um sitio que não conheces. Tomara que o que cresça nunca se perca em si mesmo. Tudo é real até acordarmos. O sonho és tu, ainda que, se um dia nunca chegares.