terça-feira, dezembro 26, 2006

O eu ...

"Só existe mentira quando a verdade é prometida.
E tu em cada palavra escrita prometes…, prometes e condenas…, condenas-me a liberdade."

“Começou por falar naquilo a que chamava o falado do eu, e das razões que começam por levar as pessoas a quererem abandonar o seu eu.
«Porque é que essa vozinha obstinada dentro das nossas cabeças nos atormenta dessa maneira?» disse ele, olhando à volta da mesa. « Não será por nos recordar que estamos vivos, a nossa mortalidade, as nossas almas individuais – a que, ao fim e ao cabo, temos demasiado medo de renunciar e no entanto são o nosso maior motivo de sofrimento? Mas não é muitas vezes a dor também uma forma privilegiada de tomarmos consciência do nosso próprio eu? É uma descoberta terrível a que fazemos em crianças que nada nem ninguém dói juntamente com a nossa boca escaldada ou joelhos esfolados, que as nossas dores e sofrimentos são só nossos. Mais terrível ainda é constatar, à medida que envelhecemos, que ninguém, por mais querido que nos seja, poderá alguma vez compreender-nos verdadeiramente. Os nossos eus fazem-nos terrivelmente infelizes, e é por isso que estamos sempre tão ansiosos por os largar, não acham?
[…] «E como é que nós podemos largar este nosso eu demencial, largá-lo completamente? Através do Amor? Sem dúvida, mas como o velho Céfalo um dia ouviu dizer a Sófocles, poucos de nós sabem como o amor é um mestre cruel e terrível. Uma pessoa perde-se em nome do outro, mas ao fazê-lo deixa-se subjugar pelo mais caprichoso de todos os deuses. Através da Guerra?
[…] «A morte é a mãe da beleza.»
«E o que é a beleza?»
«O terror.»
«E se a beleza é terror», «então, o que é o desejo?»
«Viver!» ... para sempre
Tudo o que achamos belo, faz-nos estremecer. E o que haverá de mais aterrador e de belo, para almas como as gregas e as nossas, do que perder totalmente o controlo? Livramo-nos dos grilhões do ser por instantes, estilhaçamos o acidente do nosso eu mortal?
[...] Nessa noite escrevi no meu diário: «Agora as árvores são esquizofrénicas e começam a perder o controlo, enraivecidas perante o choque das suas cores novas e pungentes
[de Outuno]. Alguém - Van Gogh, talvez? - disse que o laranja é a cor d insânia. A beleza é o terror. Queremos ser devorados por ela, escondermo-nos nesse fogo que refina.»"
Para ti ... onde perdura o teu eu ...
... que não é meu.
Só o amor nos compete.

"Um livro em branco é a maior lição."

Crash Moon Bang

Falas-me da Lua como se a conhecesses. Falas-me da Lua como se ela tivesses sido tua um dia. Falas-me da Lua como se a levasses contigo nos teus passeios com os teus fantasmas conquistados em mundos anteriores ao meu. Aprisionas-me em brilhos desconhecidos que ofuscam-me os olhos e me cegam a loucura que é estar contigo. Falas-me da Lua e abres-me a mão para o Universo que finges que conheces. Atiras-me aos Lobos da Solidão e esperas que me salve? Falas-me da Lua em tons de pintor que cria a obra-prima da sua vida para me fazeres ficar mais um minuto. Falas-me da Lua sem haver mais nenhum destino para me envolveres. Dás-me cheiros que desconheço e em tons de magia falta-me a coragem de partir. Falas-me da Lua como refúgio para nós. Porque não me levas já?! Falas-me de estrelas, de vaivéns de emoções que perduram no tempo ... mas que tempo conheces tu senão a negação da Lua em ser apenas tua? Serei eu o refúgio? A ligação a uma sonhada Lua só nossa que um dia foi tua e agora é ilusão. Terei eu o poder de a criar para ti e falar-te da Lua em notas de paixão ... de amor?

Serei Sol, Serei Lua, Serei Anjo, Serei Tua?!


domingo, dezembro 24, 2006

These days ...

There are days I hate being me,

Then I smile beacuse I'm not You

sexta-feira, dezembro 22, 2006

O dia eterno


Louva o eterno na nossa vida
que criou todas as coisas!
Na manhã da ressureição o mínimo é dado,
apenas as formas se perdem.
A estirpe gera a estirpe,
e alcança poderes crescentes;
a espécie gera a espécie
em milhões de anos
Mundos morrem e nascem.
Na alegria de viver, tu, a quem foi concedido
ser uma flor desta primavera,
goza um dia de honra do eterno
na condição de homem;
oferece o teu óbolo
até ao surgir do eterno,
respira num único e
imperceptível fôlego
o dia eterno!


Bjornstjerne Bjornson, Salmo II

Merry Christmas

Neste dia especial só desejo sorrisos ... desejo corações, beijos eternos de alegria ...
Neste dia especial quero sentir que não poderia estar mais feliz ... simplesmente assim ...
Obrigada a todos que sem pensar nos gestos ... fazem esboçar em mim o maior sorriso de criança ...

Feliz Natal

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Shadows of you

Walking around in shadows of my mind ... walking behind the steps you gave.
Finding you in my memories.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Cidade quem sois?


Viajei nas cidades da minha vida ... olhei-as de cima e .... atirei-me de cabeça!
Desconheco as identidades ... sou nelas o que elas são em mim:
paisagem, memória, abrigo ... tempo
Perdi-me na tradução e mergulhei.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Céu em tons de algodão doce e pipocas

A noite que passou trouxe-me um sonho … dormi mais para sonhar;
Sonhei que era um pesadelo … de manha ia acabar.
Sete lágrimas correram quando eu te abracei…

Podia jurar que tudo não passou de um sonho mal contado, que acordei apenas para te dizer adeus. Abri os olhos, vi-te em pequenino. Abracei-te como uma criança à espera de mimo. Eras meu. Tão frágil os olhos em que me olhaste. Inocente riso que me dedicaste ao espelho da alma. Conquistaste o sentimento de menina que afundei em tempos nas lágrimas do sofrimento chamado amor. Hoje acordei mulher. Não consigo voltar atrás. Estou fria. Choro apenas sete lágrimas. Fechei os olhos, vi-te em Homem. Beijei-te como alguém que esperava uma vida inteira por ti. Tão frágil os olhos que me olhaste. Continuas pequeno, continuas criança, continuas meu em pontos de lembrança. Dormi mais para sonhar. Nunca te perdi. Os olhos continuavam fechados em laços de momentos congelados. Pedi-te para nunca cresceres. Seres sempre criança comigo. Sermos sempre únicos um para o outro. Inocentes em todas as formas que as crianças podem ser. Correr sem razão porque a vida não tem de ser um jogo para ganhar. Sentir apenas que vale a pena. Dei-te a mão. Conhecemos as estrelas juntos. Demos-lhes o nome dos gatos e dos cães. Pintámos as nuvens de cor de rosa, apenas porque gosto de algodão doce. As nuvens foste tu que as desenhaste. Gostavas de pipocas. Elas são agora tufos de algodão em forma de pipocas. Desenhamos o mundo juntos. Ele é hoje o que o nosso passado pintou. Sei que vemos o céu juntos … mesmo já distante um do outro. Nesse sitio onde sei que tu já não estás. Paramos a meio das ruas e das esquinas, onde homens e mulheres já não se tocam como nós, e sei que observas o nosso céu. Sorris em esboço de caramelos que derretem na boca em dentes meio a abanar. Abri os olhos. Cresceste. Fechei-os de novo. Quis sonhar com a tua imagem. Com o cheiro a flores do caminho para a escola. Jogo às escondidas. Conto até dez. Abro os olhos. Sonhei demais … de manha ia acabar. Apenas sete lágrimas correram quando eu te abracei. De manha ia-te amar.

"Obrigada por esperares"

Sussurei baixinho em tons de caixinha de segredos.

Enterrei-a no chão!Desvendei a solidão.

domingo, dezembro 17, 2006

Cartas de amor


Escuro, quente, cheiros, memórias, desejos, paisagem, luz das ruas, lencois, almofadas .... almofadas que contam segredos da noite e do amanhecer .. segredos do rio, das pessoas, de ti e de mim. Quem és tu? Não te conheço!... Chamei por ti tantas e tantas vezes, aqueci sozinha o espirito da tua presença vazia. Aqueci a memória das minhas memórias que voaram com o sopro que deixaste na tua ausência. Suspiros de prazer, suspiros de saudade. Onde estás? Perdi-te no pensamento, encontrei-te no coração. Chamei por ti tantas e tantas vezes. Agora estou aqui. E tu? Fui guerreira, fui mil momentos tua, fui karma, fui fado, agora ... estou aqui. Lemos tantas histórias para nos encontrarmos nelas e esquecemos de escrever a nossa. Tentamos perceber o reflexo no espelho das palavras da vida que nos constroem. O tempo não espera por nós e a sua chegada são virgulas de ilusão na história da nossa vida. O tempo dá voltas e voltas para nos apanhar no seu ínicio, para dar sentido à nossa caminhada, para fazer-nos valorizar o nosso inicio ... para fazer-nos regressar, para nos fazer esquecer o voltar por voltar. Voltamos por voltar, regressamos porque queremos! Pedi-te o regresso, assisti à partida. Perdi-me no som das tuas palavras nos ecos dos meus ouvidos. Penetrei no coração de vontade, de desejo ... de inteligência. Aqueci a água, derreti o gelo. Chamei por ti tantas e tantas vezes. Estou aqui. Ergui cidades onde tu não viveste. Fui heroína, mas não me conheceste. O mundo não tem lugar para nós. Somos tão grandes. Maiores que o sonho de criança, de rezas inocentes em leitos de mães com cheiro a rosas. Vamos fugir ... ser maiores e mais altos que tudo. Sermos únicos! Estou farta de lutar em batalhas de nada. Esperar pelo tempo que não vem. Pelo amanha que já deveria ter chegado em forma de cartas de amor. A minha cabeceira não tem palavras escritas, a minha almofada só tem memórias, os meus lençois tem saudade, eu sou apenas alguém no meio do ontem e do amanha ... que nunca mais chega em cartas de amor.

sábado, dezembro 16, 2006

Pedaço de mundo


Porque no amanha seremos sempre diferentes do hoje; porque a esperança de sermos melhor arde onde nos habita a essência do ser genuíno; porque o amanha é sempre um começo à espera de acontecer ontem ... porque o eu e tu é sempre necessidade "de crescer para me salvar" ... para te salvar!
Saltemos muros, observemos cidades mortas que já ninguem quer, derrotemos fantasmas e trevas, águas esquecidas em batalhas de tempos perdidos, levantemos pedras onde já não existe chão, olhemos o céu de olhos fechados, sentir as brisas em camaras de vácuo ... encontremos o nosso reino e ele que nos conquiste a nós!
Um pedaço de mundo já é nosso!
Porquê? Porque sim ...

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A ruína ... a paisagem

Pousada Santa Maria do Bouro, Arquitecto Eduardo Souto de Moura

«"A ruína deixa de ser arquitectura e passa a ser natureza”, uma “natureza corrigida”, através da preparação do presente com a percepção moderna da paisagem natural.»

In Anabela Correia

(já tens a tua citação :P)

sábado, dezembro 09, 2006

... como comove a poesia ...


"[...] um paralelismo misterioso entre poesia e arquitectura. [...] a arquitectura é definitivamente a conjugação de uns materiais como número. Estudar esses materiais, com umas dimensões, umas medidas, uns números precisos, uns espaços que devido as proporções estabelecidas atraves desses números, sejam capazes de comover o Homem [...] como comove a poesia."

Fix you ...


When you try your best but you don't succeed
When you get what you want but not what you need
When you feel so tired but you can't sleep
Stuck in reverse
And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try you'll never know
Just what you're worth
And I will ... try to fix you

A menina que queria ser princesa ...



Era uma vez algures num espaco bem pequenino, vivia uma menina que sonhava ser princesa. Tudo o que conhecia era uma janela de inocência virada para tudo o que existia para além dela. Desenhava histórias de um mundo desfigurado. Queria ser grande, fazer o que as pessoas grandes fazem. Queria conhecer o mundo, viajar pelas terras de herois dos livros e viver aventuras longinquas dos reis e princesas ... a menina que queria ser mulher. Fechou os olhos e cresceu... As ruas nas terras dos heróis tornaram-se banais. As esquinas deixaram de mudar a imagem das ruas que deixaram de ser uma surpresa. As pessoas já não se conheciam e caminhavam já sem se tocarem rumo a direcções opostas ao sabor do vento. Construiu-se castelos de sonhos de amores impossiveis, de promessas escondidas e iludidas no tempo, de lágrimas que secaram um coração quente, de olhares desiludidos, de abraços de solidão.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Solidão em riscos no chão e sonhos coloridos no céu


"Como dizia o grandioso Rilke - Amor: duas solidões protegendo-se uma à outra. Pois ... é um problema quando já não precisamos de protecção para a nossa solidão ... "

In anonimous


No final, como digo eu: Para que os nossos sonhos não sejam esquecidos pelas palavras de hoje e que o amanha nunca seja tarde demais para os realizarmos.


A nossa solidão precisa sempre de protecção para nunca perdermos o caminho do nosso coração ...

And why not?


A imagem da minha imagem


Pois eu olhei o espelho esta manhã, pois eu vi quem eu sou, sim! . . .
Vi-me, mas não me conheci;
Olhei, procurei, mas com certeza não me encontrei.
Interroguei-me: “será que morri?”
Pensei que não, os céus não conheci.
Então o que foi feito daquele reflexo misterioso que meu espelho me apresentou?
Quem era, de onde vinha, como se chamava?
Talvez o meu fundo a dizer-me que me deixou,
A mim já não me amava.
“Queria ser adulta” diz a imagem perdida.
Naquele espelho sem reflexo e molhado
Aquela imagem que sozinha grita,
Naquele mundo isolado.
Senti por momentos seu calor triste e vencido
Seu calor que não perdoa quem não lhe deixou amar.
Aquela imagem sem força num espelho perdido,
Da criança que quer deixar...
Quem a matou e a fez sofrer?
Terei sido eu? Terei sido tão cruel?
Não tinha razão de ser
Eu lhe ter sido tão infiel.

terça-feira, dezembro 05, 2006

O olhar sobre o que ficou


Olhar que deambula na vida,
sentimento que eleva.
Esta dor sentida,
que em tudo se pega.
O toque que me faz voar,
na noite da tua presença.
o choro que me faz amar,
a solidão da tua ausência.
Desejo fragmentado
num mar de magoa profundo.
Amor separado,
sem vida ... sem rumo.
Olhar que me fugiu,
que um dia me amou.
Que de mim desistiu,
e ao amor deixou.
Daria a eternidade,
no mar da minha tristeza,
pela felicidade,
da tua unica beleza ...
Serei sol ...
Serei lua ...
Serei anjo ...
Serei tua ...
Na pureza de um tempo,
na verdade de um coraçao,
nos braços do momento,
no consolo da solidão.
Olhar de esperança,
que me apagou da verdade.
Olhar de criança,
que morreu de felicidade.
Fui tua ... sem parar,
Desejando a loucura de te ter.
Fui tua ... sem pensar,
em algum dia te perder!
Escondo-me no tempo,
na mentira de não chorar.
Esperança que dói por dentro,
de esperar para te amar.