quarta-feira, dezembro 06, 2006

A imagem da minha imagem


Pois eu olhei o espelho esta manhã, pois eu vi quem eu sou, sim! . . .
Vi-me, mas não me conheci;
Olhei, procurei, mas com certeza não me encontrei.
Interroguei-me: “será que morri?”
Pensei que não, os céus não conheci.
Então o que foi feito daquele reflexo misterioso que meu espelho me apresentou?
Quem era, de onde vinha, como se chamava?
Talvez o meu fundo a dizer-me que me deixou,
A mim já não me amava.
“Queria ser adulta” diz a imagem perdida.
Naquele espelho sem reflexo e molhado
Aquela imagem que sozinha grita,
Naquele mundo isolado.
Senti por momentos seu calor triste e vencido
Seu calor que não perdoa quem não lhe deixou amar.
Aquela imagem sem força num espelho perdido,
Da criança que quer deixar...
Quem a matou e a fez sofrer?
Terei sido eu? Terei sido tão cruel?
Não tinha razão de ser
Eu lhe ter sido tão infiel.

1 comentário:

Rael disse...

Quando olho o espelho pela manhã reconheço-me, mas tenho um problema, pois mas não observo como pareço… contemplo um feixe de luz…

Parabéns pelo, apesar de intrigante, sui generis texto.