segunda-feira, dezembro 18, 2006

Céu em tons de algodão doce e pipocas

A noite que passou trouxe-me um sonho … dormi mais para sonhar;
Sonhei que era um pesadelo … de manha ia acabar.
Sete lágrimas correram quando eu te abracei…

Podia jurar que tudo não passou de um sonho mal contado, que acordei apenas para te dizer adeus. Abri os olhos, vi-te em pequenino. Abracei-te como uma criança à espera de mimo. Eras meu. Tão frágil os olhos em que me olhaste. Inocente riso que me dedicaste ao espelho da alma. Conquistaste o sentimento de menina que afundei em tempos nas lágrimas do sofrimento chamado amor. Hoje acordei mulher. Não consigo voltar atrás. Estou fria. Choro apenas sete lágrimas. Fechei os olhos, vi-te em Homem. Beijei-te como alguém que esperava uma vida inteira por ti. Tão frágil os olhos que me olhaste. Continuas pequeno, continuas criança, continuas meu em pontos de lembrança. Dormi mais para sonhar. Nunca te perdi. Os olhos continuavam fechados em laços de momentos congelados. Pedi-te para nunca cresceres. Seres sempre criança comigo. Sermos sempre únicos um para o outro. Inocentes em todas as formas que as crianças podem ser. Correr sem razão porque a vida não tem de ser um jogo para ganhar. Sentir apenas que vale a pena. Dei-te a mão. Conhecemos as estrelas juntos. Demos-lhes o nome dos gatos e dos cães. Pintámos as nuvens de cor de rosa, apenas porque gosto de algodão doce. As nuvens foste tu que as desenhaste. Gostavas de pipocas. Elas são agora tufos de algodão em forma de pipocas. Desenhamos o mundo juntos. Ele é hoje o que o nosso passado pintou. Sei que vemos o céu juntos … mesmo já distante um do outro. Nesse sitio onde sei que tu já não estás. Paramos a meio das ruas e das esquinas, onde homens e mulheres já não se tocam como nós, e sei que observas o nosso céu. Sorris em esboço de caramelos que derretem na boca em dentes meio a abanar. Abri os olhos. Cresceste. Fechei-os de novo. Quis sonhar com a tua imagem. Com o cheiro a flores do caminho para a escola. Jogo às escondidas. Conto até dez. Abro os olhos. Sonhei demais … de manha ia acabar. Apenas sete lágrimas correram quando eu te abracei. De manha ia-te amar.

"Obrigada por esperares"

Sussurei baixinho em tons de caixinha de segredos.

Enterrei-a no chão!Desvendei a solidão.

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