quinta-feira, agosto 16, 2007

Sempre me pareceu ...

Alessandro Bavari The Gate, 2000

“Sempre me pareceu, que tudo o que existe à minha volta tem vários níveis de entendimento. Há momentos grandes disfarçados de pequenos; Gente pequena mascarada de grande.
Confunde-se timidez com antipatia, rotina por vulgaridade, o afecto por interesse, a alegria com uma tolice.”

David Fonseca, in Webisódio 3 – Interferências

Serei sempre aquilo para o qual nasci. A ambição de ser maior e morrer a ser pequena. Reduzida. Fui sempre mais alto por causa dos sonhos. Agora já não sei sonhar. O patamar da realidade ficou reduzido aos pés que pisam o chão, ao corpo que se deita inerte no que o consome de vez em vez a cada descanso. Fui sempre aquilo para o qual nasci, mas agora... agora sou apenas gente. Tornei-me nos outros, porque cansei-me de mim. Os outros são eu em pequenos fragmentos espalhados pelos lugares que percorri. Não foram muitos. Não sou velha. Não andei muito. Não há muito de mim em muita gente. Há apenas muita gente em muito de mim, mas não há espaço para tanta coisa existir ao mesmo tempo. Perco-me muitas vezes no que quero. Queria tanto. Sobretudo fazer. Quero fazer tudo o que há para fazer. Consumir tudo o que gira à minha volta e ao que o tudo me permite fazer... mas sempre só fui mais alto por causa dos sonhos. Agora já não sei sonhar.


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