sábado, outubro 14, 2006

Quero contar uma história ...

"I want to write you a story about men who melt after meeting me. They kiss me good-bye, then take two steps into a puddle of themselves. Many men. Oblivion. Again ... but theirs!"

Quero contar uma história. A história dos esquecimentos, das falsas interpretações e dos falsos discursos e desculpas, das relações humanas, dos interesses ...
Quero contar uma história. A história dos amores imaginários, dos que pensamos amigos verdadeiros, dos significados, da essência, do real e do sonho, das tentativas e fracassos ...
Quero contar uma história ...
A história do perdão, dos inícios e dos finais, do constante e dos impulsos ...
Quero contar uma história ... A história de uma data de tretas, sem qualquer sentido e tento perceber as palavras e desisto. Para dizer a verdade não é por nenhum motivo especial que escrevo isto, apenas me lembrei de muitos discursos habituais e das desculpas de sempre para quando uma relação, curta ou longa, acaba e o refúgio da consciência no habitual "just friends". É apenas uma história de mais uma desculpa que serve para nos enganar a nós próprios que, apesar de tudo vivido e perdoado, tudo será igual ao que era dantes e essa treta do ser amigos é apenas uma crença a soprar para o nada. A verdade é que as pessoas poucas são as vezes que se veem depois das coisas darem para o torto, poucas são as vezes que pensam uma na outra, desejam e partilham os mesmos interesses e o "quero ser só teu amigo" ataca-nos como uma lágrima derramada de pena e esquecimento numa aceitação forçada do "não quero gostar mais de ti por isso afasta-te" e do nunca mais voltarei a ver-te. Suavizamos o final com mentiras de um futuro "over the rainbow" e do "anything is lost". E é aqui que se começa a questionar as palavras usadas de forma banal do conceito de amigos e do conceito dos significados. Abrimos a boca ao vento para não nos culparmos do que fizemos e mentimos a nos próprios e aos outros acabando tudo por voltar à estrada que se percorria antes de dois caminhos se cruzarem por acidente. As pessoas vão e vêm ... mas onde está o significado e o respeito por isso quando elas vêm de forma mais apaixonada do que quando vão, e a sua ida é apenas um adeus sem compromisso de volta, de querer e de interesse?! Fugiu tudo da mesma maneira q surgiu. Fortes são aqueles que tentam novos desafios. Por mais que nos custe um final, é isso que no fundo nos pedimos : sermos amigos, mas sem mais demoras olhamos à nossa volta e nada de amigos nos tornámos. Longe ficaram as conversas a fio até altas horas substituídas pelo "tudo bem e tu?", estaremos sempre mil e um metros afastados com medo de um ataque do subconsciente, deixamos de ser carinhosos como os amigos são e abandonamos aquilo que nos unia antes de olharmos para a outra pessoa de forma diferente : uma vontade de conhecimento ... até nisso falhamos redondamente.
Já ninguém se apaixona de verdade. Niguém vive amores impossíveis e aceita amar sem razão. As coisas ... as pessoas ... tudo se apaixona por uma razão de prática emotiva ... porque é bonito, porque tem de ser e dá o jeito. O final é um comodismo, é uma mentira, é uma fuga ao ideal de compromisso. É confundir amor com abdicar do que somos e fazemos, é levar a verdade da paixão, do sentimento, do amor construtivo a uma valeta sem conceito, sem paixão pura, saudade, tristezas e receios, desiquilibrios e envolvência, dedicação e espaço, custo mas compensação. Já ninguém aceita o trovador, o elogio as palavras, o reconhecimento das acções. O amor estúpido e cego, como puro e único que existe, como verdadeiro e irrefutável ao coração que nos canta cá dentro.
Saturação de histórias iguais, das mesmas conversas e desculpas para acções inrreflectivas de intenções trocadas e práticas, de conveniência e do "fica bem", de tentativas condenadas. Porque não pode tudo acontecer de pernas para o ar e mesmo assim dar certo? Porque têm de haver esquemas pré-concebidos de conhecimento e envolvimento? Porque assustamo-nos com a impulsividade e a absorção dos momentos que nos fazem feliz sem razão!? Nunca vi pessoas tão cobardes, mentirosas e comodistas como as de hoje. Nunca vi tantos namoricos de beijinho aqui, beijinho ali como os de hoje. Onde está o valor? O significado? A razão que não existe? Incapazes de gestos e acções, de voar ao sabor do vento, de lançar e viver desafios em lamirés de loucuras e rasgos de inocência. Tornamo-nos todos um grupo do "ta td bem e ctg?" depois de momentos que afinal foram apenas arquivados em fraquezas. Olhamos à nossa volta. Já não vemos nada! O Romance desapareceu, fechou loja e foi em largas férias. Nunca mais voltou. Ficou o sofá, a tv, a novela da tarde e o "passa-me o jornal"... Fomos consumidos pelo descanso, pelo cai a chuva em cima do nosso colo. Já não há esforço. Já só há medo de o fazer. A vida matou o amor. O egoísmo e o medo de tentar destruíu-nos a nós. Amor .... amor ... essa beleza apagada .... esse perigo desafiado pelo nada. Já ninguém corre atrás do que não se sabe, do misterioso, do que é difícil de apanhar, de compreender. Já ninguém lê as entrelinhas,... a fantasia apagou-se. A ilusão já perdeu a essência, as noites em claro só se passam a pensar em trabalho, na roupa que se veste no dia seguinte... a ilusão bonita, que não faz mal, foi substituída pela (des)ilusão das pessoas. Inventemos e sonhemos o que se quiser! O amor é água que escorre pelas mãos e que sempre nos ficou pelo coração.
Quero contar uma história .... A história "about men who melt after meeting me. They kiss me good-bye, then take two steps into a puddle of themselves. Many men. Oblivion. Again ... but theirs!"

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