domingo, outubro 08, 2006

Saltei à corda e cheguei às nuvens ...

Podia começar uma poesia, um verso ou um refrão de uma música conhecida; Podia tentar desvendar quebra-cabeças, inventar uma cura ou dar milhões a uma fundação; Podia salvar velhinhas, ajudar cegos a atravessar a rua ou dar dinheiro aos pobres. Podia saltar à corda e chegar às nuvens, abraçar o mundo e torná-lo meu. Podia ter tudo o que desejo e nunca ter o suficiente para ser feliz. Podia ser bonita e não ter ninguém a olhar para mim. Podia ser forte, mas não ter desafios. Podia ser grande e ninguém me ver. Podia andar no teu caminho e ser transparente. Podia controlar o tempo, mudar os momentos e mesmo assim errar. Podia ser tudo o que não sou e ter-te deixado ficar, mas nao consegui. Criei um puzzle que ninguém tem peças. Fiz cenários que ninguém gostou. Criei ilusões que ninguém partilhou. Sonhei sensações e vivia-as sozinha em ruas cheias de gente e em cantos desertos. Descobri forças que desconhecia, traições disfarçadas com um sorriso e um olhar inocente. Mãos entrelaçadas ao sabor do vento escorregavam sem saber. Beijos que já não sabiam a saudade. Olhares que já não se cruzavam e diziam adeus e gritavam "o nosso fim chegou!". Palavras saturadas dos mesmos discursos, do mesmo perdão, da mesma diferença. E agora ... já não importa que já aqui não estejas ... já tinhas ido há já tanto tempo. Nunca nos tivemos de maneira a nos perdermos assim ... e foste da mesma maneira que apareceste só com a diferença que me mudaste. Deixaste tudo só para dizer que aqui estiveste. Os dias passaram e já nada resta senão pena de tudo que fizeste, das desilusões que criaste e a alegria de não teres ficado para me fazeres chorar. Fiz-nos feliz sozinha e foi essa a maior força que descobri e o maior erro que cometi. Libertei-te! Não és meu, nunca te conheci ... Construo castelos de areia sem me cansar. Sou varrida pelo mar. Construo mundos novos. Aprendo com as desilusões dos fracos. Desprezo quem não tem nada a ensinar. Questiono a sabedoria e o conhecimento. Dou valor as emoções. Não me perder em defesas. Não viver de fortalezas e fantasmas. Não viver no passado porque é o que melhor conheço e seria mais fácil assim. Não abraçar o desespero, a carência, o sonho ou o fracasso. Esperar a impulsividade, o arrebatador, o coração, as palavras do amor, as loucuras, o desejo, a vontade, a ansiedade ... esperar a paixão de novo ... como um dia esperei por ti!...


2 comentários:

tomatita disse...

Non me puiden resister.
Sou galega, e sen querelo moito fiquei queda frente as túas palabras, tan parecidas ás nosas, e agora penso que xa non podo partir.

Escreves fermoso, e ainda que non te coñeza, síntome perto...

Gracias polas túas palabras, por Damien Rice.

Un saúdo.

Jorge Vilela disse...

O puzzle que crias com as letras que escreves é uma prova de coragem, não por falares do que um dia sentiste mas por um dia o teres sentido. Beijo do teu amigo de Braga. Jorge